Cosméticos

Entrevista com Dr Fabrício Veloso – Cirurgia Plástica e Anestesia – Parte 1

Por Shirley Mello,

Olá meninas,

Esse post de hoje é uma entrevista super bacana, feita com o Dr Fabrício Veloso, que é diretor da clínica Dream Plastic, uma parceira do blog. Para quem não se lembra, tivemos o lançamento da Loja TodaBeleza lá no ano passado, conforme esse post aqui.

Uma entrevista com muito conteúdo, super esclarecedora e que transmite toda segurança para quem deseja fazer uma cirurgia plástica, agora ou futuramente.

Peço desculpas, pois essa entrevista foi feita em 22.10.10, tive problemas com a gravação e só consegui recuperá-la agora. É um pouco extensa, mas vale a pena ler toda.

Além de de ser diretor da clínica, o Dr. Fabrício é anestesista e possui 07 especializações nessa área. Como o post ficou um pouco extenso, vou dividí-lo em três partes.

TodaBeleza- Primeiramente gostaria que o sr se apresentasse, falasse um pouco da formação, sobre o Dr Fabrício:
Dr. Fabrício Veloso- Sou médico, formado pela Universidade de São Paulo -USP em 2001, me especializei (pós-graduação) em anestesia, medicina estética e tenho mais outras cinco pós-graduações na área da medicina também (tratamento de dor, técnico de anestesia para cirurgia plástica,…)
Hoje ocupo o cargo de diretor clínico da Dream Plastic, há mais ou menos dois anos.

TB- Bem, conhecimento é o que não falta, não é?
Dr. FV- Acho que eu posso colaborar (rsrsrs). Temos uma equipe de anestesia, que já operou até o momento, cerca de 20.000 pacientes de cirurgia plástica. Esse assunto acho que a gente pode discutir bem. rs.

TB- Há quanto tempo aqui na Dream Plastic?
Dr. FV- A clínica tem 5 anos. Como ela nasceu? Tínhamos uma equipe de anestesia e operávamos com vários cirurgiões plásticos, amigos nossos. Só que cada um tinha um consultório particular e tal e resolvemos nos associar, juntar todo mundo pra construir um espaço melhor, que tivesse mais qualidade para os pacientes, um atendimento mais diferenciado. E que a gente pudesse também juntos, fazer um maior número de cirurgias e ter um poder de barganha melhor junto aos fornecedores. Conseguimos comprar próteses com um valor bem mais diferenciado, pois compramos uma quantidade maior, conseguimos uma melhor negociação com hospitais, pelo volume de cirurgias. Então juntamos toda a equipe para atender em um só lugar.

Os médicos tem uma formação de maior tempo, mas nos reunimos aqui na Dream Plastic, nesse projeto, há cinco anos.

TB- Quando o sr.  fala em hospitais, significa que os procedimentos cirúrgicos não são feitos aqui na clínic, mas em hospitais? Na clínica é feito apenas o atendimento pré e pós-cirúrgico?

Dr. FV- Isso. Essa pergunta é importante porque ela é uma grande divisor de águas na segurança do paciente. Apesar de ter uma estrutura grande, a clínica faz um pré-atendimento ao paciente, com avaliação inicial, solicita exames, faz eletrocardiograma, prepara o paciente aqui com o médico anestesista. No dia da cirurgia ele é encaminhado a um hospital conveniado com a clínica.

Atualmente trabalhamos com dois hospitais especializados em cirurgia plástica, que por terem esse direcionamento, por não atender todas as especialidades, conseguimos reduzir algumas complicações que eventualmente poderiam ter, como taxa de infecção hospitalar, pois não são pacientes doentes que vão até o hospital, são pacientes que estão saudáveis e vão operar.
Feito a cirurgia, o paciente fica de um dia para o outro no hospital, recebe sua alta da nossa equipe médica e faz todo acompanhamento dele pós-operatório aqui na clínica. Geralmente esse acompanhamento perdura por três meses.

Por que a gente não opera aqui? Na realidade, a gente causaria uma insegurança muito grande no paciente ao operar num ambiente de clínica. Clínica não é um lugar para se proceder uma cirurgia, pois não há recursos em qualquer clínica que seja. O que poderia ser feito, são procedimentos de

muito pequeno porte, como pequenos retoques, porém já algum tempo atrás houve uma banalização desse assunto, então muitos pacientes são operados em clínicas. Na maioria das vezes, até contra as normas da vigilância sanitária. E isso acarreta uma quantidade muito elevada de acidentes. Você pode perceber que a maioria dos acidentes que acontecem na cirurgia plástica, são em clínicas. E isso não é uma coincidência. Na verdade, isso é uma negligência do médico que indica operar no local onde não há recursos suficientes.
Para o médico é vantajoso, pois se ele operar em sua clínica, não precisa fazer esse repasse ao hospital, fica tudo com ele. Por outro lado, o paciente é colocado em risco.

Se operar em clínicas fosse um bom negócio, todas as áreas médicas operariam em clínicas e não existiriam hospitais. Você conhece alguma especialidade médica que opera em clínica, fora cirurgia plástica? Ginecologista obstetrícia: quando alguém vai ganhar neném, vai para alguma clínica? Ortopedia? Não existe. Isso é uma invenção da cirurgia plástica para baratear alguns custos que vai favorecer o cirurgião, mas coloca o paciente em risco.

Foto: Flickr Plástica do Sonho

TB- Como é feita essa avaliação? Uma equipe faz a pré-avaliação até chegar ao anestesista ou o acompanhamento é feito desde o início?
Dr. FV- No dia da sua consulta, o paciente passa com o médico cirurgião, e nessa primeira avaliação, é feita uma espécie de triagem. O paciente coloca suas insatisfações estéticas para o médico e o médico dentro da sua habilidade e conhecimento, vai indicar o procedimento cirúrgico que traga benefício e satisfação ao paciente. Após esse momento, no mesmo dia, o paciente passa por uma consulta com o médico anestesista, que vai acompanhá-lo no dia da cirurgia. O anestesista tem uma função de segurança.

Enquanto o cirurgião plástico foca a parte estética do paciente, o anestesita é responsável pela segurança do paciente: de fazer o paciente entrar bem na cirurgia e sair bem, no quesito saúde.
Por lei (1802/06), em todo procedimento cirúrgico, deve ser feita uma pré-avaliação com o anestesista, pois ele que autoriza ou não, o procedimento, dependendo das condições clínicas do paciente.

TB- Qual o maior receio do paciente ao entrar em consultório de cirurgia plástica? Embora ela esteja preocupada com a parte estética, toda cirurgia traz um certo receio…
Dr. FV- Em geral, o paciente apresenta dois medos: o resultado final da cirurgia e a segurança. Normalmente na entrevista eles não comentam, mas passam a impressão que o medo é morrer.

No quesito resultado, para que o paciente não incorra a erros, é importante sempre fazer a avaliação com o anestesista especializado. Para isso, é só fazer a consulta no site da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica ou no site do Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo. Isso é importante poque a legislação brasileira, permite que um médico exerça a profissão mesmo sem ser um especialista, que não tenha feito uma residência nessa área. O conselho de medicina não permite, mas ele não tem o poder da lei. Portanto, cabe ao paciente verificar se o médico que vai operá-lo é um especialista ou não.

O conselho de medicina aplica uma prova aos médicos quando ele se forma, e nessa prova, mais de 50% dos médicos são reprovados, mas podem exercer a profissão, já que ela não tem o poder de veto, como por exemplo, a OAB. Isso faz, com que tenhamos cada vez mais médicos despreparados exercendo a profissão.
Sendo assim, é extremamente importante que o paciente solicite o currículo do médico, pois é um profissional que ele está contratando para mexer de maneira definitiva no seu organismo.

No quesito segurança, é fundamental você avaliar os índices dos acontecimentos. A mídia dá ênfase quando acontece um fato negativo na cirurgia plástica, mas se você verificar os índices, vai ver que é muito mais seguro fazer uma cirurgia plástica, do que morar em São Paulo, por exemplo.

Morre-se muito mais pessoas vítimas de acidentes no trânsito ou de violência urbana, do que em cirurgia. Isso é estatística, foi feita uma pesquisa nos EUA, que determina que a cada 100.000 pacientes que fazem lipoaspiração, em duas pode ocorrer óbito. A cada 100.000 pessoas que moram em São Paulo por um ano, morrem 30 vítimas de violência urbana, fora acidentes de trânsito.

Cirurgia plástica tem riscos, como tudo na vida, mas se for bem gerenciado, o risco é mínimo. Já operamos mais de 20.000 paciente e nunca tivemos um acidente fatal. Não significa que não possa ocorrer um dia, pois dependemos de situações biológicas que muitas vezes fogem ao nosso controle, mas certamente não é um bicho como todo mundo pensa.

Na verdade, o paciente tem medo do desconhecido. Para fazer uma cirurgia plástica, o paciente deve:
1. Conhecer bem o cirurgião plástico e o médico anestesista.
2. Somente operar em ambiente hospitalar.
3. Fazer a avaliação pré-anestésica, como manda a lei médica.

E aí meninas, gostaram dessa primeira parte?
Fiquem ligadas, que amanhã tem muito mais novidades que com certeza, vocês vão amar.

Super Beijos,
Shirley

20 comentários sobre “Entrevista com Dr Fabrício Veloso – Cirurgia Plástica e Anestesia – Parte 1

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *