Cine Pipoca – Trumbo: Lista Negra
Sem dúvida, este é um filme para os apaixonados por cinema , pois traz um pouquinho da sua história, e também nos presenteia com cenas memoráveis recriadas como a de Kirk Douglas em Spartacus. Nessa viagem pelos bastidores de Hollywood, o filme também nos arranca boas risadas com os diálogos irônicos a respeito, por exemplo, de John Wayne, Kirk Douglas , Stanley Kubrick e Otto Preminger.
Também é um filme que nos apresenta ao árduo trabalho de um roteirista. Longe da ideia simplista de que para escrever basta inspiração, ele nos mostra a dura rotina de um escritor: sua disciplina, seu processo de criação, suas técnicas e estratégias e principalmente, a longa jornada de horas de trabalho dedicadas a cada palavra e ação que curtimos na telona.
SINOPSE:
O filme, dirigido por Jay Roach, é baseado em fatos reais, narrados no livro “Dalton Trumbo” (1977), de Bruce Cook e com roteiro de John McNamara. Chega aos cinemas brasileiros em 28 de janeiro, com distribuição da California Filmes. No elenco Bryan Cranston, Diane Lane e Helen Mirren. Concorreu em duas categorias do Globo de Ouro (Bryan Cranston, Melhor Ator em Filme Dramático, e Helen Mirren, Melhor Atriz Coadjuvante), e a três prêmios Screen Actors Guild (Melhor Elenco, Ator Principal e Atriz Coadjuvante). Acaba de receber uma indicação ao Oscar (Melhor Ator com BRYAN CRANSTON).
Conta a singular história de um dos principais roteiristas de Hollywood , Dalton Trumbo. Em 1947, Trumbo e outros nove diretores e roteiristas foram chamados para depor na comissão parlamentar de inquérito da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos formada para averiguar a suposta infiltração de comunistas na indústria de cinema, presidida pelo senador Joseph McCarthy. Por suas crenças políticas e por ter se recusado a delatar os comunistas que atuavam na indústria cinematográfica americana ao Comitê de Atividades Antiamericanas, foi preso por desobediência civil durante onze meses e entra para a lista dos profissionais proibidos de trabalharem em Hollywood.
Ao longo dos treze anos seguintes, todos os maiores estúdios hollywoodianos se recusaram a contratá-lo temendo associação com os seus pontos de vista políticos. Condenado ao ostracismo, Trumbo passa a escrever roteiros para estúdios de baixo orçamento sob pseudônimos. Será com o pseudônimo de Robert Rich que vencerá o Oscar de Melhor Roteiro com Arenas Sangrentas (1956). O astro Kirk Douglas e o diretor Otto Preminger colocaram o nome verdadeiro do escritor, Dalton Trumbo, em seus respectivos blockbusters “Spartacus”(1960) e “Exodus”(1960), marcando definitivamente o fim à eranegra do cinema. Somente em 1993 Dalton Trumbo receberá um Oscar póstumo por “A Princesa e o Plebeu” (1953). Ian McLellan Hunter era o único roteirista creditado pelo filme e foi quem recebeu a estatueta, mas depois ele revelou que Dalton Trumbo era o roteirista.
Contar os absurdos e as injustiças da “caça às bruxas” desse período da história norte-americana, que prejudicou centenas de personalidades da época, nos ajuda a pensar sobre a necessidade permanente de cuidado também nos dias de hoje, para não sermos nem os vilões e nem os mocinhos , isto é , vítimas em ambos papéis como afirmava Trumbo, de um sistema arbitrário e perverso que destrói tantas vidas.
É uma daquelas histórias de força, perspicácia e superação diante da falta de liberdade de expresão, da criminalização do pensamento e da perseguição que, tão maravilhosamente, nos servem de inspiração.
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Se você quiser saber um pouquinho mais sobre cinema, ou se você já é um apaixonado pela sétima arte, não perca esta surpreendente cinebiobrafia. Sugiro também que você fique na poltrona até o finalzinho dos créditos e será surprendida , assim como eu fui, com as palavras do próprio Dalton Trumbo numa entrevista na época em que seria premiado com o Oscar póstumo. É a fala de alguém que nunca desistiu de lutar por suas crenças e sabe exatamente o preço que se paga por isso.
O filme estréia nas telonas em 21/01/2016. Surpreenda-se!
Bjs/Bete Magalhães